domingo, 27 de julho de 2008

CLIP"MOON RIVER" de BONEQUINHA DE LUXO, FILME REVISTO POR RENATA M. P. CORDEIRO 2008





DEDICO ESTA POSTAGEM À CLÁUDIA,

"NÃO TENTE ME ENTENDER"

BONEQUINHA DE LUXO

Estados Unidos, 1961

Diretor: Blake Edwards

Roteiro: George Axelrod

Com: Audrey Hepburn, George Peppard, Patrícia Neal, Buddy Ebsen

Música: Henry Manciny, inclusive “Moon River”, com letra de Jonny Mercer

Prêmios; Academia de Hollywood: Melhor Trilha Sonora (Henry Mancini) e Melhor Canção (“Moon River”)

Baseado no livro Breakfast at Tiffany´s de Truman Capote



SINOPSE



Holly Golightly é uma jovem mulher, que mora em Nova Iorque, cheia de fantasias, e vive dos seus encantos, tendo só tem uma paixão: a joalheria Tiffany´s. Levando uma vida festiva, ela acaba por se fazer notar pelo seu vizinho, Paul Varjak, um autor que gostaria muito de conhecê-la um pouco mais. Mas Holly só quer os homens ricos e Varjak é sustentado por outra mulher.

ACERCA DESSE FILME



Amanhecer de verão na Quinta Avenida de Nova Iorque. Manhatan desperta. Numa das vitrines da joalheria Tiffany´s, famosa no mundo todo, se reflete uma figura feminina delicada, quase frágil. O cabelo preso num coque alto, os olhos ocultos por detrás de grandes óculos de sol, uma roupa de sair à noite que deixa descoberto os ombros, um copo de café numa das mãos, um saco de papel na outra: café da manhã com, ou, melhor ainda, na frente de diamantes. Vemos Holly Golightly (Audrey Hepburn) contemplando o luxo resplandecente das vitrines. Ela própria, com as suas jóias, parece guarnecida como uma peça de exposição: um instante de cinema mágico.



Holly não faz parte do jet set nova-iorquino, da clientela da joalheria, mas os seus clientes sim, já que a senhora Golightly é uma garota de programa “elegantemente magra”, como Truman Capote, o autor do romance em que se baseia o filme, descreve a moça de dezoito anos, “com um rosto que havia saído da infância, mas que não havia chegado a ser de mulher”. Escapando de um casamento prematuro com um veterinário muito mais velho, fugiu do interior e chegou à Nova Iorque em busca da felicidade – e, sobretudo, de uma mina de dinheiro – no cenário da boêmia, com os playboys e os esnobes, no mundo da própria encenação, das máscaras, do fingimento e da autocontemplação. Em algumas ocasiões, esse mundo lhe é insuportável e a deprime. Então, sofre dos seus “dias vermelhos”, e é fácil encontrá-la diante da Tiffany´s contemplando-se.
Vive sozinha com um gato num apartamento de Manhatan e muitos homens maduros pagam pela sua companhia e por algo mais.



E toda semana vai visitar Sally, um preso de Sing-Sing que a usa como correio de drogas sem que ela saiba disso. Holly busca uma relação sólida, se possível com um milionário que não passe dos cinqüenta. Mas encontra justo o contrário: Paul Varjak (George Peppard), um escritor fracassado e sem recursos, que se tornou o seu novo vizinho. Holly tem algo em comum com Paul: ele também é mantido para assegurar a sua precária existência. Uma mulher casada o sustenta como amante.



A prostituta e o gigolô conversam, certo dia. A partir daí e, pouco a pouco, se desenvolve um relação de altos e baixos, durante a qual se vão manifestando as suas respectivas personalidades: momentos de revelações sinceras no mundo da superficialidade e da inconsciência.





Desviando-se do livro, em que Holly pretende seguir à caça de milhões na África, as últimas imagens, que se contam entre os finais mais célebres do cinema, nos propõem um apaixonado torvelinho de emoções: Holly corre atrás de Paul, titubeia e o abraça. Paul a beija e o gato, que está entre os amantes, completa o extravagante casal. Chove a cântaros, como se o tema musical Moon River, que acompanha o filme todo, houvesse transbordado.



Holly e Paul conseguiram a normalidade. Acabou-se o vazio existencial, o andar a cegas, a fuga da vida, “a deriva” de duas pessoas. O filme se antecipa, dessa forma, aos estudos sobre a busca urbana do sentido e da felicidade com a qual Woody Allen teria tanto êxito vinte anos mais tarde.





Este filme se caracteriza por duas peculiaridades que fazem com que ainda mereça ser visto. Por um lado, aposta na “moda”: para o papel de Holly Golightly, moça de dezoito anos, não se contratou Marilyn Monroe, mas Audrey Hepburn. Esta, que já tinha trinta e dois anos, havia sido modelo de Givenchy, que com sua musa acentuou um estilo de moda e um tipo de mulher culta, porém discreta, delicada e juvenil, que destronou as sex-symbols de grandes peitos da década de 50. Audrey Hepburn levou ao cinema os rasgos típicos da mulher elegante e do mundo dos anos 1960, que depois Jacqueline Kennedy personificaria com tanta perfeição.





Por outro lado, o filme aposta nos “momentos”, instantes cinematográficos intensos no sentido mais genuíno da palavra, fechados em si mesmos e que vão mais além da narrativa. Holly Golightly tirando o sapato de uma fruteira ou segurando uma piteira de 40 cm de comprimento entre os convidados de uma festa: esses instantâneos ficam gravados na memória. Mas a cena mais bela é e continuará sendo a que dá título ao filme: Audrey Hepburn tomando café da manhã diante da Tiffany´s.










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